domingo, 29 de novembro de 2009

"No teu Deserto" - Miguel Sousa Tavares

*

*

Sinopse: O novo «Quase Romance» de Miguel Sousa Tavares. Há viagens sem regresso nem repetição. «Éramos donos do que víamos: até onde o olhar alcançava, era tudo nosso. E tínhamos um deserto inteiro para olhar.» «Ali estavas tu, então, tão nova que parecias irreal, tão feliz que era quase impossível de imaginar. Ali estavas tu, exactamente como te tinha conhecido. E o que era extraordinário é que, olhando-te, dei-me conta de que não tinhas mudado nada, nestes vinte anos: como nunca mais te vi, ficaste assim para sempre, com aquela idade, com aquela felicidade, suspensa, eterna, desde o instante em que te apontei a minha Nikon e tu ficaste exposta, sem defesa, sem segredos, sem dissimulação alguma.» «Eu sei que ela se lembra, sei que foi feliz então, como eu fui. Mas deve achar que eu me esqueci, que me fechei no meu silêncio, que me zanguei com o seu último desaparecimento, que vivo amuado com ela, desde então. Não é verdade, Cláudia. Vê como eu me lembro, vê se não foram assim, passo por passo, aqueles quatro dias que demorámos até chegar juntos ao deserto.»

*

Opinião pessoal: Desengane-se quem espera deste livro uma obra de arte.

Fica muito aquém doutros livros do autor, tal como, "Equador", "Sul" e "Rio das flores".

É um discurso a duas vozes. A de um homem de 36 anos e uma loiraça de 21. E à partida, já não é difícil de adivinhar o que vai na mente de cada um... principalmente da do homem :-P

Juntos, partem rumo à aventura no deserto, sem terem travado conhecimento anteriormente, e criam laços de intimidade e empatia, que não vai para além de um olhar, um gesto e um toque intencional sem pretensões de o parecer. Daí a definição de "Um quase romance", precisamente porque não chega a haver romance.

Tem um final um pouco triste.

Ah, lê-se num instantinho. Só tem 124 páginas, letras grandes e alguns diálogos. Foi a minha leitura de fim-de-semana ehehehehe

*

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"O cego de Sevilha" - Robert Wilson

*

*

Sinopse: "É semana santa em Sevilha. Um empresário de renome é encontrado atado, amordaçado e morto em frente da sua televisão. As feridas auto-infligidas deixam perceber a luta que travou para evitar o horror das imagens que foi forçado a ver.
Quando confrontado com esta macabra cena, o habitualmente desapaixonado detective de homicídios Javier Falcón sente um medo inexplicável.
Cheio de história, tensão e intriga, "O Cego de Sevilha" é um romance intenso que prenderá o leitor até à última página. Um dos mais evocativos, absorventes e inteligentes thrillers psicológicos de sempre."

"O cego de Sevilha" é o primeiro livro da série Javier Falcón.
*

Opinião pessoal: Esperava um pouco mais deste policial.

Gostei bastante da parte dos diários de Francisco Fálcon, da descrição da guerra, dos seus actos e pensamentos mais vis...

A parte que ficou aquém foi o ritmo e o suspense.

Mas, não deixou de valer a pena a sua leitura :-)

*

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"O Meu Pé de Laranja Lima" - José Mauro de Vasconcelos

* *
Sinopse: "Este livro retrata a história de um menino de cinco anos chamado Zezé, que pertencia a uma família muito pobre e muito numerosa. Zezé tinha muitos irmãos, a sua mãe trabalhava numa fábrica, o pai estava desempregado, e como tal passavam por muitas dificuldades, pelo que eram as irmãs mais velhas que tomavam conta dos mais novos; por sua vez, Zezé tomava conta do seu irmãozinho mais novo, Luís.
Zezé era um rapazinho muito interessado pela vida, adorava saber e aprender coisas novas, novas palavras, palavras difíceis... que o seu tio lhe ensinava. Contudo, passava a vida a fazer traquinices pela rua, a pregar peças aos outros e muitas vezes acabava por ser castigado e repreendido pelos pais ou pelos irmãos, que passavam a vida a dizer que era um mau menino, sempre a fazer maldades. Todos estes fatores e o fato de não passar muito tempo com a mãe, visto que esta trabalhava muito, faziam com que Zezé, muitas vezes, não encontrasse na família o carinho e a ternura que qualquer criança precisa.
Ao mudarem de casa, Zezé encontra no quintal da sua nova moradia um pequeno pé de laranja lima, inicialmente a idéia de ter uma árvore tão pequena não lhe agrada muito, mas à medida que este vai convivendo com a pequena árvore e ao desabafar com esta, repara que ela fala e que é capaz de conversar consigo, tornando-se assim o seu grande amigo e confidente, aquele que lhe dava todo o carinho que Zezé não recebia em casa da sua família. Ao longo da história vão acontecendo vários episódios na vida deste menino, uns mais alegres, outros mais tristes, que nos transmitem uma grande lição de vida e do modo como agir perante diversas situações, pois apesar de ter apenas cinco anos, Zezé já tinha atitudes que qualquer criança comum nunca teria, fazendo-nos então pensar um pouco acerca de nós mesmos e das nossas atitudes perante determinadas situações."
*
Opinião pessoal: Como diria o brasileiro: "Amei esse livro!"
Ler este livro, para mim, foi ver o mundo através dos olhos de um menino de cinco anos, precoce, pobre, traquinas, mas muito meigo e ternurento.
Não sei como vocês classificam um bom livro, mas para mim é aquele que me desperta emoções, me faz sentir empatia, revolta, ternura, ou o que quer que seja, pelas personagens e situações que relata.
E este foi um desses livros.
Confesso que há muito muito tempo um livro não me punha a deitar a lágrima, mas este conseguiu.
O retrato de pobreza numa a família numerosa, o desemprego do pai e a consequente falta de dinheiro para comprar uma simples prenda de Natal, por mais simbólica que fosse, aos próprios filhos, é de cortar o coração.
Adorei a maneira como o Zezé tratava os irmãos: o Totoca (António, de seu nome original), e a Godoía (Glória), desarmaram-me logo!
E depois aquele interesse incessante, aquela curiosidade em querer saber sempre mais, em querer compreender o significado de todas as palavras que ouvia e que o tio lhe ensinava.
As cenas mais marcantes:
Quando o Zezé anda a roubar flores para levar à professora, porque não suporta ver o copo da secretária sempre vazio.
As voltas que ele dá no dia de Natal, para tentar pôr o pai com um sorriso nos lábios.
As surras monumentais, de caixão à cova. Surreal!
A amizade que cria com o Portuga e o desfecho da mesma... snif snif...
Resumindo e concluido, um livro de leitura obrigatória, a não perder mesmo!
*